Sobre a Angústia de Viver em Situações de Injustiça

Viver Injustiça é F#d@. Fingir que não é destrói a alma (Pequeno Manual de Sobrevivência Psíquica)

#3 | Pluralidades | Rio de Janeiro, 01 de Junho de 2025 |

Uma teo-psico-análise da vida contemporânea voltada para cérebros não destruídos pela dopamina

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Queridos leitores, queridas leitoras,

Esta é a terceira edição de Pluralidades - sua dose quinzenal de sanidade. Nela, vamos explorar o absurdo da injustiça e porque até os macacos sabem reconhecê-la (e ficam putos quando a vivenciam). Vamos falar de angústia, desequilíbrios de poder e o conflito eterno entre resistir e submeter-se. Aviso: contém linguagem adulta, reflexões sobre primatas irritados e, surpreendentemente, nenhuma menção a brigadeiros nesta edição (estou em processo de desintoxicação)

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Ilustração de Anna Parini

Desculpe meu francês, mas viver uma injustiça é foda. Seja a pontual – aquela que acontece num momento específico e te deixa indignado por dias –, seja a estrutural – aquela que se infiltra na sua vida como umidade na parede, corroendo tudo devagar –, o negócio é o mesmo: é foda.

Não, sério. Eu tentei encontrar uma palavra mais sofisticada, digna de alguém que ostenta um doutorado em teologia e uma formação em psicanálise, mas depois de dias consultando dicionários, thesaurus, e até mesmo aquele aplicativo que traduz línguas fictícias como o klingon, cheguei à conclusão científica de que "foda" é, de fato, o termo técnico apropriado. Qualquer outra expressão seria um eufemismo condescendente para descrever a experiência visceral de ser tratado e tratada injustamente.

E aqui vai um fato que vai te deixar de queixo caído: parece que até mesmo os macacos quando submetidos a uma situação de injustiça arremessam pepinos.

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Até os Macacos Ficam Putos

Frans de Waal, primatologista holandês e seu time de pesquisadores conduziram um experimento, para dizer o mínimo, bastante interessante e controverso.

No agora famoso "experimento da equidade", dois macacos capuchinhos foram colocados lado a lado. Cada um precisava entregar uma pedrinha ao pesquisador para receber uma recompensa. O primeiro macaco fez sua parte e recebeu uma fatia de pepino como pagamento. Ele aceitou alegremente, porque, bem, um lanche é um lanche.

Mas quando o segundo macaco realizou exatamente a mesma tarefa e recebeu uma suculenta uva (uma recompensa significativamente melhor na hierarquia de gostos primatas), algo incrível aconteceu.

O macaco surtou completamente.